quinta-feira, 14 de maio de 2009

ANÁLISE DE POEMAS DE JOSÉ CRAVEIRINHA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA – JAGUARÃO

CURSO DE LETRAS – 6º semestre

Iracema Veleda Goulart

Um Homem Nunca Chora

José Craveirinha, in Babalaze das Hienas


 

Acreditava naquela história

do homem que nunca chora.

Eu julgava-me um homem.

Na adolescência

meus filmes de aventuras

punham-me muito longe de ser cobarde

na arrogante criancice do herói de ferro.

Agora tremo.

E agora choro.

Como um homem treme.

Como chora um homem!


 

Análise

Nos três primeiros versos o poeta fala sobre a inocência de ser uma criança, que acredita em heróis e tem uma visão destorcida do que é ser um homem e não sabe sobre sentimentos humanos.

Nos versos "Na adolescência/ meus filmes de aventura/ punham-me muito longe de ser cobarde/ na arrogante criancice do herói de ferro", o poeta retrata o adolescente no começo do entendimento da vida, do ser, que começa a questionar suas crenças.

O poeta, no presente, fala do como é ser um homem, é ter sentimentos, é chorar, é lutar. Craveirinha demonstra ter nervos, sentimentos. Um ser humano no pleno gozo da vida e suas aventuras e desventuras.

Pena

José Craveirinha, in Babalaze das Hienas

 
 

Zangado

acreditas no insulto

e chamas-me negro.

Mas não me chames negro.

Assim não te odeio.

Porque se me chamas negro

encolho os meus elásticos ombros

e com pena de ti sorrio.


 

O poeta deixa claro, neste poema que não se importa com a cor da pele. Diz um não ao racismo, comum em sua terra, nos versos "Zangado/ acreditas no insulto/ e chamas-me negro".

Parece estar caçoando dos racistas quando escreve "Porque se me chamas negro/ encolho os meus elásticos ombros/ e com pena de ti sorrio". Para ele, quem diferencia pessoas pela cor da pele age como uma criança que ainda acredita em heróis, e mesmo assim é capaz de diferenciar sorrisos e seus significados.


 


 


 

Nenhum comentário: